quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Recursos pedagógicos e o papel do educador na alfabetização de crianças com deficiência visual

Estela Alves Santos
Rita de Cássia Furtado Melônio


RESUMO

Neste artigo, tem-se por objetivo fazer uma abordagem sobre os recursos pedagógicos e o visual, onde fazemos um pequeno histórico dos processos de desenvolvimento da cegueira de uma maneira global. Explorando o papel do educados, bem como sua função pedagógica, postura, colaboração dentro do ensino e aprendizagem.Tendo como objetivo contribuir para a melhoria e crescimento da educação dentro da nossa abordagem. Além das metodologias utilizadas dentro da escola pelos mesmos e explicitando o processo de alfabetização de crianças cegas em Braille.

Palavras Chaves: Educação. Metodologias. Deficiência Visual.


1 INTRODUÇÃO

A História da deficiência visual na humanidade deu-se de forma que na antiguidade as pessoas com qualquer tipo de deficiência, seja ela mental, física e sensorial, eram tidas como débeis, anormais ou deformadas. Essas pessoas eram abandonadas ou eliminadas.
No que se trata da Área educacional, em relação às pessoas cegas, durante o séc. XVI foi despertada uma pequena preocupação, até que em 1784, surge em Paris a primeira Escola de Cegos.
No século XIX no E.U.A e Europa a proposta educacional para os cegos cresce e surge um novo sistema com caracteres em relevo para escrita e leitura de cegos que foi desenvolvido por Luis Braille e tornou-se público em 1825. O Sistema Braille com isso, o processo de ensina-aprendizagem das pessoas cegas deslancha, o que possibilita maior participação social.
O Instituto Benjamin Costant (IBC) foi o primeiro educandário para cegos na América latina, e é a única instituição federal de ensino destinada a promover a educação das pessoas cegas no Brasil.
A cronologia dos acontecimentos em prol da educação de pessoas estados do país, seguindo o mesmo modelo educacional do IBC, as primeiras escolas especiais para alunos cegos são:
• 1926 – Instituto São Rafael – Belo Horizonte – MG
• 1928 – Instituto Padre Chico – São Paulo – SP
• 1929 – Instituto de Cegos da Bahia – Salvador – BA
• 1941 – Instituto Santa Luzia Porto Alegre – RS
• 1943 – Instituto de Cego do Ceará – Fortaleza – CE
• 1957 – Instituto do Cego Forisvaldo Vargas – Campo Grande - MS
No que se refere ao processo de aprendizagem de uma criança portadora de deficiência visual requer procedimento e recursos especializados. Para que haja um crescimento total efetivo, inúmeras habilidades devem ser trabalhadas. Isto significa que uma criança cega deve ter seu processo educativo sob a vertente de vários meios e exercício de condicionamento para que possa ser percebida como um ser inteiro, dona de seus pensamentos e construtora de seus próprios conhecimentos. Muitos ainda têm o ideal de que a criança cega é uma espécie de produto de treinamento milagroso, e isto deve ser revisto com caráter de urgência.

2 PROPOSTA EDUCACIONAL E O PAPEL DO EDUCADOR DENTRO DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Em meio as diversas propostas na área educacional, surge o construtivismo, que em sua compreensão buscam-se novos rumos para que ocorra a ampliação as probabilidades de sucesso na alfabetização de crianças cegas. A importância desta ampliação e aprofundamento dessa procura liga-se à necessidade de inserir a educação de pessoas com deficiência visual a discussões educacionais mais amplas. A educação um si, não é “especial”, especiais são os procedimentos e recursos didático-pedagógicos.
A questão do período de alfabetização suscita extremo cuidado e necessita de preparo aos professores. As dificuldades e os constantes fracassos dos educando nessa fase escolar exigem uma atitude que deve ser modificada e também a tentativa na procura de outros caminhos.
A Escola precisa dinamizar sua atuação, a começar pelos educadores que devem acreditar no seu ofício, a criança necessita ser papel na descoberta de seu verdadeiro papel no processo ensino-aprendizagem. A educação como meio de transformação precisa aguça a participação e a interação entre escola, educadores e educandos.
Muitas vezes pergunta-se para quem Educação especial? Esta resposta tem uma ampla vertente, pois engloba todo sistema educacional da escola, além do funcional, onde deve-se envolver também uma equipe de professores, além de funcionários que devem estar aptos na recepção de uma criança cega.
Assim, a validade dessa discussão prende-se ao fato de que faz-se necessário a compreensão o processo de aprendizagem de uma criança cega. Novas concepções aparecem para que os alfabetizadores possam refletir, dentro desse contexto ocorre que os princípios devem serem analisados e não solução que possam ser apontadas, modelos experimentados ou aprovados.
Sendo assim, é preciso levantar tais questões e remeter o pensamento a procura de uma quais pedagogia que atende os anseios aos quais as crianças necessitam, pois não é possível deixar um a criança cega à margem do seu próprio crescimento, fora do contexto social e momento histórico em que vive. Como qualquer outra criança deverá perceber que cria e recria as coisas de seu mundo infantil.
Durante o processo de alfabetização de crianças cegas são encontrados diversificados problemas, faz-se necessário a revisão dos alfabetizadores no fato de reverem a relação com os alunos, refletirem sobre suas metas de ensino, trabalhando no despertar para objetivos claros e bem definidos, para que com isso a ação educativa esteja em coerência com as necessidades da criança, Este torna-se um período de descobertas imprevisíveis que poder ter aspectos tanto positivos quanto positivos.
A aquisição do conhecimento, ao correr das etapas evolutivas da criança, deverá estar composta no eixo de uma nova postura pedagógica. Os aspectos cognitivos da criança cega deverão ser vistos e cotejados com os da criança vidente. Fazendo-se o confronto entre o processo de desenvolvimento mental de ambos as partes.

3 METODOLOGIAS UTILIZADAS NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Considera-se que o aluno está preparado para aprendizagem da leitura e escrita quando:
• Saber seguir direções e reconhecer direita/esquerda;
• Pode imitar posições de figuras ou objeto que representam num esquema;
• Saber apontar semelhanças e diferenças;
• Classificar objetos por tamanho, consistência forma, textura;
• Usa as mãos de forma coordenada;
• Empregar tato com fim exploratório;
• Maneja conceitos espaciais;
• Adquire prática no uso correto dos dedos leitores pressão e movimento;
• Apresentar coordenação motora fina e orientação espacial (requisito para a escrita com reglete).
É de suma importância verificar a aplicação do construtivismo e fazer a estudo que compare as possibilidades, e o volume de oportunidades de aprendizagem entre as crianças.
Educar uma criança cega não é uma missão simples: é uma profissão optativa que tem exige uma grande vocação e deve basear-se na consciência da responsabilidade do trabalho investido, para que esta escola se transforme num desempenho que desenvolva respeito e credibilidade.
É necessário refletir no que é alfabetizar? O alfabetizado não é somente aquele que reconhece sinais gráficos, mecaniza a escrita e a leitura, está muito além, pois alfabetizar é abrir atalhos, apontar caminhos, descobrir soluções e propor desafios.
A proposta pedagógica para a criança cega promoverá objetivos gerais da educação pré-escolar. “Para Piaget a construção da linguagem depende da função simbólica, ou seja, da capacidade a criança adquire por volta de um ano e meio ou dos dois anos de distinguir o significado do significante” (BRUNO E MOTA, 2001, p.149).
A criança com deficiência visual para isso necessita que ao tocar o objeto, a mãe, a professora ou a pessoa que cuide dela lhe diga o nome, ajude a explorar e pesquisar visualmente ou tatilmente os objetos, sem, contudo passar os conceitos de seu ponto de vista de vidente. (Ibid, p.103).

A criança com deficiência visual para isso necessita que, ao tocar o objeto, a professora ou pessoa que cuide dela lhe diga o nome, ajude a explorar e pesquisar visualmente a fazendo uso do tato os objetos, e assim conhecê-los da sua forma.
O processo ensino-aprendizagem deve ser adaptado às necessidades especificas do aluno no contexto escolar, família e comunitário para que obtenha desenvolvimento, aprendizagem, autonomia e independência, que são fundamentais da pedagogia na concepção sócio-construtivista.
A inclusão total não adota programas e currículos e currículos especiais, mas propõe a eliminação dos obstáculos que impedem que o aluno progride e avança no processo ensino/aprendizagem

4 O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS EM BRAILLE

Neste trabalho além do papel do educador ser importância, a utilização do recurso didático torna-se tão quanto. Uma perspectiva que se refere ao processo de alfabetização do método Braille, que foi formulado por Luis Braille em 1825, o que possibilitou o progresso e a participação social de crianças cegas. Se por um lado o tato é fundamental para leitura em Braille, entende-se que a audição também se faz presente durante o processo, explicando-se pelo fato de que esse sentido une o significante do significado.
A condição dos para pessoas que não possua sua visão afetada. Os Recursos multimídia não estão acessíveis à crianças cegas, tanto do ponto de vista pedagógica quanto em termos de custos.
Há urgência de enriquecer as técnicas utilizadas em salas de recursos especiais na alfabetização dos cegos, que de uma forma generalizada pode levar entre três ou quatro anos, pelo fato de que sua faculdade visual não está disponível para conhecer o mundo a sua volta. A essência complexa da escrita e leitura do sistema Braille utilizada pelos deficientes visuais exige longa duração e também treinamento contínuo.
As crianças ainda necessitam desenvolver habilidades motoras que lhes dão a permissão de utilizar os recursos do Braille (reglete e punção). Pois, desta maneira, a estende-se até quase os 10 anos a permanência do aluno na sala de recursos especiais, sendo que a partir daí é que esse aluno dará inicio a seus estudos em termos regulares de 2ª série.
O cego está a mercê no sistema educacional ora organizado propicia a defasagem etária que estende a proposta sobre a inclusão social. Um dos objetivos de inserir o aluno em termos regulares é que este possa ter uma convivência em um ambiente que possa desenvolvê-lo como ser completo, oportunizando também a vivencia nas relações de afetividade e o exercício de direitos que possam transformá-los em um adulto que consiga desempenhar diversos papéis dentro da sociedade. No entanto, a diferença de idade entre o cego e colegas promove o questionamento da eficiência da inclusão.
Uma vez estruturada a alfabetização no sistema Braille, que desencadeia assimetria no processo de inclusão, faz-se necessária uma metodologia que proporcione a dinamização a cerca da aprendizagem, de tal forma que o aluno possa fazer o acompanhamento as séries iniciais, tanto do ponto de vista do “conhecer”, como das relações sócio-afetivas que se estabelecem nesta fase da vida. O fato que importa perceber é que, embora o cego esteja limitado em sua condição, a aprendizagem acontece e não se pode acreditar que exista um déficit cognitivo apenas a metodologia empregada para o ensino do braille está ultrapassado em relação as demandas sociais que são imposta na atualidade.
No espaço de sala aula, ao ensinar o Braille, o professor deve fazer uso de recursos didáticos que partam de estímulos lingüísticos verbais, bem como corporais.
Se a alfabetização pelo construtivismo tem sua fundamentação em grande parte na visão atividades pictóricas e imagéticas, é importante que se faça o mesmo através de recursos orais.
Desta forma o Braille deve estar associado na “contação” de estórias em que se possa brincar com a voz em atividades que possa ser musicais e em exercício de consciência corporal que também desenvolvem a motricidade e noção de espaço, onde também possam estar inseridas atividade artística.
A prática do braile é solitária e precária para a criança que tem a necessidade de outros estímulos que não os visuais a aprender.
Neste caso se por um lado o ensino tradicional do Braille retarda a aprendizagem, por outro, uma metodologia que englobe as faculdades mentais a um só tempo pode potencializar tal processo. Deste modo, sugere-se um modelo de alfabetização cuja dinâmica seja computacional. Ainda em desenvolvimento, a ferramenta eletrônica denominada e-braile (braille eletrônico) tem por objetivo substituir o teclado do computador, tornando possível a escrita em Braille. Trata-se de um aparelho a ser acoplado no lugar do mouse, com 6 pequenos botões que imitem 6 pontos.
O funcionamento do equipamento é de fácil manuseio para o aprendiz, já que não existe uma maior habilidade da maior motricidade da reglete, a polissemia dos 6 pontos e a inversão da direita para a esquerda da folha de papel, que complica o entendimento da leitura. O cego pressiona os botões conforme a letra que escreve e ouve o som simultaneamente. Com esse procedimento aluno pode treinar com a ausência do professor em sua casa, trata-se de uma espécie de livro eletrônico. O e-braille será um propulsor na aprendizagem na medida em que dá uma larga autonomia ao aluno, ele pratica sozinho porque ouve os sons, exercitando as letras e reconhecendo o erro, além de ter aspectos lúdicos. Por este fato desempenha um papel de extensão da memória do aluno quando se refere ao processo de alfabetização.

5 AS METODOLOGIAS UTILIZADAS NA ALFABETIZAÇÃO NA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

A criança vidente e a cega são seres em construção, que buscam o aprendizado a todo instante. É um erro pensarmos que a mesma metodologia aplicada a um adulto será eficaz com uma criança ou ainda a que se utiliza com o vidente funcionará com o cego: são interesses e barreiras diferente que se apresentam no processo ensino-aprendizagem. Assim destacamos algumas metodologias que são utilizadas na educação de crianças cagas, onde o professor deve ousar em criar novas metodologias ou captar as que já existem á videntes, podendo fazer uso de recursos didáticos variados para treinamento de outros sentidos para treinamento de outros sentidos que a criança utilize sem ser a visão.
Diante destes recursos podem ser citados:
• Sentido Tátil: farinha de mesa, areia de praia, massa moldável, água, bolas de Borrachas de vários tamanhos pesos diferentes. Este material é usado para treinar o cego na percepção tátil da forma das letras e para ele experimente trançar as letras com os dedos (no caso de farinha e de areia).
• Sentido Auditivo: Sentido com vários tipos de sons como objetos de madeira ou outros materiais que produzam sons ocos, cavos ou condensados para que através de batidas, seja treinada a percepção auditiva do aluno; a água para ser derramada em vasos ou ser agitada de forma a produzir sons diversos em diversos pontos do recinto, para abstrair a percepção direcional; apitos de sons graves e agudos, para adestrar a percepção de altura e direção dos sons; a Metrônomo. O uso do metrônomo, em ritmo diferentes, é um ótimo auxiliar para o treinamento do controle de memória (o visual tomado aqui como a imagem abstrata das coisas).
• Sentido Olfativo: perfumes de vários tipos, para serem percebidos em vários pontos do recinto e distinguidos em sua diferenças; incenso, mirras e outras ervas para serem queimadas e produzirem odores diferentes com a mesma finalidade dos perfumes, isto é também para educar a noção direcional.
Estes materiais irão ajudar o cego a aguçar os outros sentidos de modo que possibilitem a substituição de barreira imposta pela falta de visão.
Mas em relação ao treinamento da escrita cursiva é utilizado uma prancheta, que através de seu uso o cego começa a respeitar o espaço do papel destinado a escrever, mas não é só escrever que o cego precisará para adaptar-se ao meio, mas também comunica-se e assim se fazer entender, logo o cego explora o local a qual está inserido fazendo uso do tato, e também com o auxilio decisivo da audição, logo cabe ao professor direcional o sentido auditivo da criança até que este torna-se eficiente.
Através da exploração tátil o cego é levado a uma conscientização das formas das letras cursivas do alfabeto no próprio rosto.
Há também o auxilio de outros exercícios e praticas que possibilitam o aprendizado do cego em transportar as letras para o papel, com o uso do método braille, que será melhor explicado no tópico que se segue, e da sonorização fonética.
Cabe ainda exercícios referente ao uso de perfumes e outros meios adequados ao treinamento do aluno em localizar-se no que se refere a direção, a estes cabe a imaginação e a inventiva do professor a criação de outros métodos com a finalidade de treinamento quanto a memória tátil-auditiva-espacial.
Seguindo um processo, depois que as vogais em suas variadas modalidades, estiverem bastante treinadas e aprendidas, poderar-se então passar ao estudo das consoantes.
Antes do uso de contadores mecânicos (ábaco/sorobã) os professores de crianças cegas deverão obrigatoriamente desenvolver um pequeno roteiro, que incluem os jogos de classificação e seriação, onde podem ser citados:
• Organização de coleções diversas.
• Brincadeira de caixa oculta.
• Jogo do Braille.
• Casinhas lógicas. (uso de brinquedos sonoros, como movimentos que despertem a atenção).
A criança deve desde muito cedo aprender a realizar atividades do dia-a-dia. Desde pequeno deve ser incentivado, e ensinado a saber localizações dentro de casa e na escola.
Fazendo uso desta e de outras metodologias o professor contribuirá de forma significativa para alfabetização da criança bem como o seu desenvolvimento no âmbito educacional, física e social.

6 CONCLUSÃO

Conclui-se então a referida pesquisa se propõe a fazer um estudo sobre as propostas pedagógicas e o papel do educador, bem como as metodologias utilizadas e o processo de alfabetização de crianças através do método Braille.
Pois, o uso de recursos especializados e técnicas é de suma importância. E também este processo deve ser acompanhado requisitos para a leitura e escrita do Sistema Braille.
Buscando novas metodologias ou propostas alternativas para introdução do Sistema Braille nas séries iniciais, constatou-se que este é um pré-requisito para a alfabetização o desenvolvimento sensório-perceptivo e conceitual. A criança com deficiência visual necessita de um de um período maior de adaptação do que outras crianças, pela seguinte questão de que a visão exerce papel fundamental no conhecimento, controle e adaptação ao meio no qual está inserida.
A capacidade de adaptação da criança ao meio está diretamente relacionada à qualidade das primeiras interações: forma de falar, carregar, transmitir informações sentimentos, emoções, que serão construídos, se a criança encontrar, nos familiares na pessoa que cuida dela na escola, a atenção e a resposta a suas primeiras formas de expressão e comunicação verbal.
Com tudo o artigo justiça-se pela necessidade a melhor qualidade no ensino de criança para o processo de aprendizagem e alfabetização torne-se eficaz.

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